Como surgiu a Bauernfest em Petrópolis

Encontro de descendentes dos colonos é hoje uma das maiores festas germânicas no Brasil

Festa tem na programação espetáculos que exaltam as tradições, com grupos locais e estrangeiros (Foto: Divulgação)

A Bauernfest, a Festa do Colono Alemão, foi da simplicidade de uma quermesse ao principal e maior evento de Petrópolis (RJ), e uma das maiores festas germânicas no Brasil. O evento teve sua origem no Festival Germânico idealizado por descendentes de colonos representados no Clube 29 de Junho. De três dias passou para 10 com música, dança e gastronomia, consolidando-se como o mais importante momento no calendário cultural e turístico da Cidade Imperial.

Esse resgate começou no início da década de 80, quando os descendentes dos colonos realizavam pequenas quermesses para celebrar a cultura das famílias que aqui chegaram. Descendente de quatro famílias genuinamente alemãs, Emygdia Hoelz foi a grande idealizadora do que hoje se transformou na Festa do Colono Alemão. Foi ela quem sugeriu uma singela festa para celebrar as origens, complementando as festividades organizadas pelo Clube 29 de Junho. Com apenas três barracas no entorno do Palácio de Cristal, nascia o embrião da Bauernfest com o Festival Germânico.

Em uma entrevista em 2017, contou a descendente, que em 1988 assumiu a presidência do Clube 29 de Junho:

"O diretor do Palácio de Cristal na época sugeriu o local. Eu consegui as três barracas com a Igreja Luterana e as transportamos de carroça para o evento. Pedi a minha família para fazer os doces e salgados. Ainda faltava atração e consegui um grupo de balé para se apresentar. E fizemos o primeiro Festival Germânico”, contou Emygdia, no auge dos seus 82 anos, lembrando a evolução da festa ao longo dos anos. “Em 1984 já consegui uma Banda Marcial para se apresentar. No ano seguinte fui em uma cervejaria pedir as barracas emprestadas. Em 1987 já tínhamos cinco barracas."

Em 1989, a festa recebia sua primeira atração internacional, com a banda austríaca Sankt Peter Freienstein, composta por 47 músicos. Não bastava o convite, era preciso bancar o cachê do grupo, de mil cruzados na época. Com a mesma iniciativa com que criou a festa, Emygdia buscou ajuda com as empresas da cidade arrecadando o valor para o cachê da banda.

"Consegui com 10 empresas e pagamos a banda. Foi engraçado, porque eles tocaram em uma noite apenas e foi um sucesso. Mas consumiram 53 garrafas de Steinhaeger (bebida destilada alemã) e meu filho que forneceu o lanche para eles", lembrou Emygdia.

O crescimento e profissionalização do evento foi resultado da parceria entre os organizadores e o governo municipal, a partir de 1990. O evento deixava de ser Festival Germânico e já era conhecido como a Bauernfest - A Festa do Colono Alemão, uma homenagem a um dos fundadores do Clube 29 de Junho, Ernesto Gustavo Bauer.

"Esse ano acho que foi uma das maiores festas. Já foi com 10 dias e quando ela foi para dentro do Palácio de Cristal também, e em todo o entorno. Eram 67 barracas espalhadas por todas as ruas. Foi um sucesso", lembrou a presidente do Clube 29 de Junho, a maior responsável por defender as tradições dos nossos descentes alemães em Petrópolis. "A Bauernfest foi criada com esse papel de resgatar as tradições e a história da nossa colonização. Por isso defendo tanto para não descaracterizar a festa. Ela cresceu, tomou grandes proporções e tem grande importância para o Turismo de Petrópolis. Sabemos que é o momento mais importante da cidade."

Saiba mais sobre a edição atual da Bauernfest neste link