Mapa da Cerveja: SC tem mais fábricas por habitante
/Fundador da Escola Superior de Cerveja e Malte, com sede em Blumenau, analisa os números
Ainda que diante de um cenário desafiador, o número de cervejarias cresceu 14,4% no Brasil em 2020. O ano terminou com 1.383 fábricas de cerveja operando no país. Os dados foram revelados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no final de abril. Foram 204 novas cervejarias registradas, enquanto apenas 30 suspenderam a operação. O saldo é de 174 novas fábricas. O levantamento não considera marcas que produzem de forma terceirizada, apenas fábricas constituídas.
Entre os estados, São Paulo segue com o maior número absoluto: 285 cervejarias. Foram inauguradas 44 novas fábricas em 2020 na unidade da federação. Seguem a lista: Rio Grande do Sul (258, 22 a mais do que no ano anterior), Minas Gerais (178, 15 a mais), Santa Catarina (175, 27 a mais) e Paraná (146, 15 a mais).
Pela primeira vez desde que os dados foram divulgados, Santa Catarina é o estado com maior número de cervejarias por habitante. O crescimento de 18% no número de fábricas colocou o estado na liderança, com uma cervejaria para cada 41.443 habitantes. O segundo lugar é ocupado pelo Rio Grande do Sul (44.275) e o terceiro pelo Paraná (78.882).
Entre os 10 municípios com maior número de cervejarias por habitante, nove estão no Rio Grande do Sul. Os três primeiros são gaúchos: Santo Antônio da Palma (1062), Esperança do Sul (1443) e Dona Francisca (1500).
Carlo Bressiani, fundador da Escola Superior de Cerveja e Malte (ESCM), com sede em Blumenau (SC), é especialista neste mercado. Ele comenta que a pandemia freou a curva de crescimento acentuada que o número vinha registrando nos últimos anos, mas, ainda assim, o mercado se manteve em expansão.
“A inovação deu o tom para as fábricas que seguem no mercado: muitas mudaram sua forma de distribuição, embalagens e atendimento. Isso foi essencial para que a cerveja artesanal se mantivesse como uma opção para os consumidores.”
O especialista diz ainda que o número reflete a atração de investidores que a ascensão do mercado provocou nos últimos anos.
“O ciclo de implantação de uma fábrica de cervejas é longo. Acredito que muitas fábricas que inauguraram em 2020 são resultado de um planejamento iniciado no ano anterior, quando não se avistava a pandemia e os seus impactos. Sob essa perspectiva, 2021 deve trazer um crescimento menor”, explica.
Ainda de acordo com Bressiani, muitas marcas ciganas (com produção terceirizada) deixaram o mercado. Isso impacta no número de registros de novos produtos. Pela primeira vez desde 2010 houve uma retração de 15%, com 8.459 pedidos de registro – em 2019 foram 9.950.
Bressiani reforça que o crescimento, tanto da produção quanto da competitividade das cervejarias artesanais brasileiras, passa invariavelmente pela educação. Mesmo com a pandemia, a ESCM formou 1.794 alunos em 2020 em cursos online e offline sobre produção e gestão de cervejarias.
Ainda em 2020, a instituição iniciou a operação no quinto país e primeiro fora da América Latina: através de uma parceria com a Cervejaria Nortada, três cursos online estão sendo oferecidos em Portugal. A exportação de conhecimento cervejeiro segue no Paraguai, Argentina e Uruguai.