Insana lança a versão 2017 da cerveja com pinhão
/Projeto, em parceria com a Iniciativa Araucária+, é exemplo de gastronomia sustentável
Desde que as cervejas artesanais caíram no gosto dos brasileiros, o desafio das cervejarias tem sido inovar a cada ano. A variedade de produtos é imensa e trazer algo diferente acaba se tornando um desafio. Foi com essa preocupação que a Cervejaria Insana decidiu usar uma matéria-prima muito apreciada no inverno para produzir uma cerveja diferente: a primeira cerveja de pinhão do mundo. Desde 2015 a bebida tem tido ótima aceitação, o que é comprovado com a dupla premiação com medalhas de bronze no Festival Brasileiro de Cerveja, de Blumenau (SC). E a inovação não para por aí: a produção da cerveja também é focada na conservação da natureza, em parceria com a Iniciativa Araucária+, e entra na classificação da gastronomia sustentável.
O proprietário da cervejaria, Pedro Reis, destaca:
“A ideia surgiu do desejo de contribuir para a preservação da Floresta com Araucárias, e chamar a atenção para o tema. A Insana Pinhão só é produzida na época em que a atividade de coleta das sementes da araucária – o pinhão – é permitida por lei. É uma cerveja diferente, cujo sabor tem conquistado degustadores e apreciadores no Brasil e no exterior, provando que é possível criar inovações, mesmo a partir de produtos tradicionais e consolidados.”
De acordo com o proprietário, dentre os oito tipos de chope e os oito tipos de cerveja da empresa, a Insana Pinhão é o produto de destaque principalmente por mostrar um crescimento importante na produção desde o seu lançamento. Exemplo disso é que para a fabricação de 2017 foi utilizada uma tonelada e meia de pinhão, o que corresponde à produção proveniente de uma área de floresta com araucárias de quase 80 hectares e que vai resultar em 45 mil garrafas comercializadas.
Por ser um produto sazonal, a Cerveja de Pinhão acaba tendo também forte apelo de marketing, pois os clientes esperam pela época certa para poder consumir a cerveja. Além disso, a novidade deste ano é o prazo de validade: para 2017 as garrafas de 300ml da bebida virão com 3 anos de validade. Segundo Reis, o ápice de sabor chega com dois anos após o envase.
“Neste ano nossos produtos serão safrados. Por isso, indicamos ao consumidor que compre e guarde a bebida por dois anos, que é quando ela estará ideal para consumo”, afirma.
Para produzir a famosa cerveja, o proprietário conta que é feito um pré-cozimento do pinhão, independente do malte, o que traz o encorpado e a presença maior do sabor do pinhão. Por ter 8,5% de teor alcoólico, a cerveja de pinhão deve ser consumida entre 6 e 8 graus Celsius e pode ser harmonizada com carnes mais fortes, como de faisão e javali, além das carnes vermelhas. Algumas sobremesas cremosas e gordurosas, como pavês, também ficam bem acompanhadas.
Conservação ambiental
Feita no Paraná com pinhões coletados dentro de padrões sustentáveis que protegem a Floresta com Araucárias, a bebida é produzida com insumos oriundos do Araucária+, iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e da Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (CERTI).
Pedro Reis afirma que um dos principais motivadores para a criação da Insana Pinhão foi o desejo de contribuir com a preservação da Floresta com Araucárias, um dos ecossistemas mais ameaçados do Brasil, que conta com menos de 3% de remanescente no Brasil. A região Sudoeste paranaense, onde a cervejaria está localizada, é grande produtora de pinhão, rodeada por áreas de preservação como o Parque Nacional das Araucárias, a Reserva Florestal de Caçador e a Floresta Nacional de Irati.
“A Insana Pinhão é uma cerveja com identidade de origem, que carrega consigo a visão de sustentabilidade da floresta de araucárias, vegetação típica do Sul e das populações que produzem e sobrevivem do pinhão”, destaca Reis.
A Iniciativa Araucária+ incentiva produtores do Planalto Serrano Catarinense, indústria, varejo e sociedade a participar de uma rede sustentável de consumo e produção, para agregar mais valor à floresta e colher os benefícios provenientes da conservação.
“Foi um casamento perfeito: eles estavam procurando soluções que demandassem a industrialização do pinhão, para aumentar a rentabilidade dos produtores, enquanto nós queríamos que nosso produto tivesse um cunho social e de sustentabilidade. Queríamos garantir que estávamos contribuindo para a preservação”, explica Pedro.
Atualmente toda a negociação da Cerveja Insana Pinhão é feita via Araucária+ e uma das grandes vantagens da Iniciativa é que os produtores que se comprometem a seguir os padrões sustentáveis, como o de não realizar queimadas nem extrair as pinhas verdes, recebem cerca de 30% a mais pelo quilo do pinhão, além de contribuir para a redução do impacto gerado nas florestas nativas.
A diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes, acrescenta:
“O objetivo da Araucária+ é conservar a floresta agregando valor aos produtos extraídos dela, como o pinhão, que é a semente da araucária, e a erva-mate; esta segunda planta é nativa da Floresta com Araucária e utilizada como matéria-prima para bebidas, como chás e chimarrão. A Iniciativa beneficia os produtores que seguem o padrão sustentável indicado, que inclui orientações de coleta das pinhas, entre outras ações de manejo responsável das áreas naturais das propriedades.”
A diretora complementa explicando que, além do Padrão Sustentável de Produção, os proprietários que integram a Araucária+ são incentivados a preservar remanescentes florestais que não serão utilizados para produção comercial. Aqueles que se comprometem a manter áreas de vegetação nativa em estágio avançado de conservação, sem intervenções, recebem a mais por isso.
“Para possibilitar essa remuneração adicional, a cada transação comercial realizada no âmbito da iniciativa, parte dos valores é destinado a um fundo, e esse recurso é utilizado para bonificar os proprietários que conservam integralmente áreas de vegetação nativa”, explica Nunes. Atualmente, a iniciativa promove a conservação de mais de 650 hectares de florestas por meio do Uso Sustentável da floresta, além de recursos disponíveis para a conservação integral de 10 hectares, por meio do fundo de Bonificação.
A Fundação Grupo Boticário
A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza é uma organização sem fins lucrativos cuja missão é promover e realizar ações de conservação da natureza. Criada em 1990 por iniciativa do fundador de O Boticário, Miguel Krigsner, a atuação da Fundação Grupo Boticário é nacional e suas ações incluem proteção de áreas naturais, apoio a projetos de outras instituições e disseminação de conhecimento. Desde a sua criação, a Fundação Grupo Boticário já apoiou 1.510 projetos de 501 instituições em todo o Brasil. A instituição mantém duas reservas naturais, a Reserva Natural Salto Morato, na Mata Atlântica; e a Reserva Natural Serra do Tombador, no Cerrado, os dois biomas mais ameaçados do país. Outra iniciativa é um projeto pioneiro de pagamento por serviços ambientais em regiões de manancial, o Oásis.