Inovadoras da cerveja
/Cinco pesquisadoras contam como é ser mulher na ciência e no segmento cervejeiro
Quantas cientistas você conhece? Talvez você já tenha ouvido falar de Marie Curie (1867-1934), a primeira mulher a receber um Nobel. Mas, além dela, inúmeras outras estão deixando sua marca na produção científica, lutando contra o estereótipo que associa as áreas de ciências e engenharias ao universo masculino e dificulta o reconhecimento feminino nesses setores. Mas o que Ciência tem a ver com cerveja? Cinco cientistas que se especializaram em pesquisas dentro do universo da bebida, e que hoje trabalham na Ambev – maior cervejaria do mundo – contaram um pouco do seu envolvimento com a área. Conheça suas histórias:
Anna Carolyna Goulart Vieira (36 anos) - Doutora em Ciências e especialista em saúde e bem-estar na Ambev.
Muito antes mesmo de entrar em um laboratório, Anna já demonstrava interesse especial pelas aulas de ciência e por fazer pequenos experimentos.
“Desde a infância eu era fascinada com o brinquedo ‘meu pequeno alquimista’. Assim, cresci interessada nas aulas de ciências e laboratório no colégio. No curso de nutrição, me interessava tanto pelas atividades no laboratório de química analítica quanto nas de cozinha, afinal gastronomia é química pura. Durante a graduação de nutrição fiz tanto a iniciação científica quanto uma extensão em gastronomia”, conta.
Mesmo depois de formada, Anna Carolyna continuou pesquisando e é autora da tese Encapsulamento de subproduto da indústria vinícola para ser utilizado como aditivo em cerveja e desenvolvimento de cerveja sem glúten.
Marta Rocha (34 anos) - Bióloga, mestre e doutora em Biologia Celular e Embaixadora de Conhecimento e Cultura Cervejeira da Ambev, conta que já viveu dificuldades em sua carreira por ser mulher.
“Durante a vida acadêmica eu quis trabalhar com serpentes em um órgão federal e não fui aceita. Eles disseram abertamente que preferiam estagiários homens. Também aconteceu quando tentei uma primeira oportunidade no ramo da cerveja: a vaga tinha como pré-requisito apenas ‘paixão pela cerveja e disposição para aprender’, mas ao enviar meu currículo tive um retorno rápido por e-mail – sem entrevista, nem nada –, dizendo que ‘infelizmente meu perfil não batia com o que estavam procurando visto que o dia a dia na cervejaria exigia longas jornadas e trabalho braçal’, ou seja, fui descartada novamente pelo simples fato de ser mulher.”
A profissional reconhece a importância das mulheres que a precederam.
“Foi graças a essas mulheres que romperam barreiras e abriram caminho para o estudo das ciências da vida, em épocas onde a formação feminina era direcionada para os cuidados do lar, que outras mulheres como eu tiveram seus direitos à educação assegurados”, afirma.
Paula (Polly) Guedes (34 anos) - Bióloga, mestre em Liderança e head de Inovação.
Paula já trabalhou em pesquisa e inovação de todas as categorias na frente de sensorial, ciência do consumidor e saudabilidade, além de ter pesquisado no mestrado sobre dominação masculina nas organizações.
“Assim como em qualquer área do conhecimento, o machismo estrutural existe e oprime. O que espero das mulheres na ciência é que tenha mais equidade de gêneros em termos de visibilidade, salário, produção de conteúdo etc. Então, hoje as mulheres acabam tendo um papel de romper essa barreira e ajudar a dar espaço para as próximas que virão.”
Luiza Linhares (33 anos) - Engenharia química, mestra em Processos Químicos e Bioquímicos e especialista em pesquisa e desenvolvimento na Ambev.
Trabalha na pesquisa e desenvolvimento de projetos para transformação de resíduos da indústria cervejeira em produtos ambientalmente, socialmente e economicamente sustentáveis. Ela relata que mesmo a sociedade não reconhecendo, as mulheres sempre tiveram um papel fundamental na Ciência.
“Mesmo com todos os obstáculos impostos por essa mesma sociedade, as mulheres continuam produzindo ciência de alta qualidade. Tenho muito orgulho das que chegam ao topo, precisamos delas para nos sentirmos pertencentes e representadas em todas as esferas, mas precisamos ter em mente que elas ainda são as exceções e tem muito trabalho de inclusão que ainda precisa ser feito”, afirma.
Mariana Mendes Fagherazzi (33 anos) - Engenheira agrônoma e especialista Agro na Ambev.
É uma das especialistas em lúpulo no país. Iniciou o seu interesse pelo tema no curso de Agronomia e ainda mantém contato com pesquisadores, alunos e professores das Universidades e procura auxiliá-los. Em fevereiro de 2020, ela defendeu a primeira tese de doutorado com ênfase em lúpulo no Brasil.
“Pesquisa que me deixa muito orgulhosa em mencionar pois foi realizada em uma Universidade pública, e contou com parcerias de instituições privadas, e de produtores locais.”