Como observar um rótulo e perceber o que ele diz em primeiro plano e quais suas segundas intenções, o que está por trás da obra

Você já ouviu falar em Semiologia? Sabia que diversos rótulos de cerveja no mercado brasileiro estão carregados de signos e significados? Vou escrever aqui um pouco para você entender o que é este campo chamado Semiologia, por alguns autores tratado como Semiótica.

A Semiologia ganhou notoriedade na França a partir da década de 1950, a partir do estudo dos signos por Saussure, no ponto de vista de uma abordagem Estruturalista, de teor Funcionalista. Entende-se por signo qualquer elemento verbal ou não verbal que gere significado.

A semiologia tem por objetivo estudar qualquer sistema de signos ou qual for sua substância, sejam quais forem seus limites. Dessa forma, pode ser enunciada através de imagens, espetáculos e demais construções. Tal método pode ser considerado um processo que se investiga lentamente, ou seja, a semiologia é uma ciência das formas, visto que estuda as significações, independentemente de seu conteúdo. Podemos interpretar que a semiologia estuda a representação da realidade através dos signos. Foi Roland Barthes que começou a aprofundar o estudo da semiologia voltado para o conjunto de representações coletivas. Assim, a Semiologia barthesiana trata as relações e inter-relações entre o linguístico e o trans linguístico, transcendendo os limites dos signos, fazendo-os dialogar com a territorialidade da subjetividade e do social.

Essa é uma das partes mais importantes que utilizamos nos rótulos de bebidas, ou seja, o que vamos transmitir, o que vamos passar e comunicar para o nosso consumidor. Na forma que escrevemos e colocamos os sinais, qual será sua interpretação?

Semiologia postula uma relação entre um significante, um significado e um signo, relacionando objetos que diferem por suas equivalências, assim, o que os diferenciam são as correlações que os unem.

A língua é então, praticamente, a linguagem menos a fala. Assim, a língua pode ser considerada um sistema de signos dos quais o homem se utiliza para se comunicar e se socializar. Tudo que colocamos no rótulo como símbolos ou signos pode ser considerado como uma língua. Digamos que estamos fazendo criando um rótulo para uma Sour de manga: nesse rótulo posso carregar de objetos (imagens) que podem representar a manga, a leve acidez. Utilizar cores e informações que remetem a manga. O objeto pode ser, o objeto físico ou o símbolo. Por isso, podemos compreender o significado como um conceito, uma ideia, cuja definição envolvida está representada pelo significante. Trata-se da representação da realidade de um objeto ou coisa.

De uma forma simples e de fácil compreensão, podemos dizer que o significado, para ser compreendido, depende, exclusivamente, dos conhecimentos (léxicos) de quem irá interpretá-lo. O significado pode ser considerado um sistema finito, que envolve elementos, ocupando uma função sendo atribuídos de valor. Por isso é importante saber quem é o nosso público-alvo, para quem vamos nos comunicar, qual é a mensagem que queremos entregar?

Dentro da semiologia, também podemos atribuir o sentido de conotação e denotação. A denotação pode ser compreendida como o primeiro significado apresentado da obra, ou seja, descreve apenas o que é visualizado, o símbolo. Nos mostra, o sentido das coisas como elas realmente são ou se apresentam, de forma a serem identificadas apenas no seu primeiro plano, ou seja, seu primeiro significado não comportando outra condição.

A conotação se apresenta como um sistema complexo, cujo, o plano de expressão, pode ser considerado ele próprio. Assim, os significantes de conotação são constituídos por signos que envolvem seus significantes e significados. Podemos compreender dessa forma que a conotação abrange as segundas intenções que estão sendo apresentados no rótulo, ou seja, deixamos subentendido suas manifestações.

A partir de agora, quando você estiver observando um rótulo pode tentar perceber o que ele diz em primeiro plano e quais suas segundas intenções, o que está por trás da obra.

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