Fabricio Santos

O criador do blog FullPintBR conta como nasceu, em Ribeirão Preto (SP), uma confraria que vem dando frutos à cultura cervejeira

Fabricio Santos, do blog FullPintBR (Foto: Volgarine.com.br / @CervejaEComida)

Fabricio Santos, do blog FullPintBR (Foto: Volgarine.com.br / @CervejaEComida)

BeerArt 3 - dez/2013

Nossa confraria, a Confrabacon, existe há quase dois anos, sempre tendo como norte as cervejas raras (e por isso, caras) que dificilmente conseguiríamos encontrar, beber e, claro, bancar sozinhos. Pra se ter uma ideia, começamos com uma degustação vertical de Three Floyds Dark Lord de 2006 a 2009. Se você conhece sobre cervejas, sabe o que significa o rótulo Dark Lord. Se não sabe, trata-se de uma Imperial Stout feita uma vez por ano e só se consegue num único dia, na fábrica norte-americana. Imagina uma lá de 2006, outra de 2007, 2008 e 2009...

Passamos por excelentes degustações nesta nossa jovem confraria, até com barris de cervejas importadas.

O bacana disso tudo é que, além do prazer inenarrável de estar com grandes amigos bebendo excelentes cervejas, existem os frutos que elas nos deram: meu Blog (www.fullpint.com.br) cresceu, e muito, com as degustações. Alguns amigos passaram a conhecer e se interessar muito mais por cervejas, outros conseguiram passar adiante seus conhecimentos, e um caso que quase ninguém sabe (se é que alguém além de mim e do personagem da história) foi que nosso ilustre confrade Rodrigo Silveira – mestre cervejeiro e proprietário da Cervejaria Invicta daqui de Ribeirão Preto (SP) – recentemente lançou a Invicta 1000IBU inspirando-se numa Mikkeller que só conseguimos provar graças à Confrabacon!

Provamos a Pale Ale 1000IBU, a IPA 1000IBU, mais de uma vez até. E, sem que soubéssemos, Rodrigo veio com a ideia e simplesmente arrasou: colocou a Cervejaria em destaque e mexeu com todos os players do mercado, seja pela inovação nacional (é a única 1000IBU do Brasil, registrada), seja pela polêmica que criou. Chegou até mesmo a ser chamado de charlatão, mas, claro, o sucesso de algo tão bacana prevaleceu.

E isso tudo é incrível: saber que cada um de nossos confrades em algum momento fez com que a vida de um outro confrade fosse mais intensa, mais bacana ou mesmo mais emocionante.

Pensem sempre em cerveja como momento de relaxar, de fazer amigos, de “lubrificar socialmente” sua vida. O movimento cervejeiro na internet só cresce, prova maior disto é este texto, que nasceu virtual. Mas não esqueça do bar, ou mesmo da mesa da sua sala: é lá que a hora/copo faz toda a diferença e nunca nada te trará mais conhecimento que isto – experimentar mais e mais cervejas, sempre com consciência daquilo que se faz, claro.

No meu caso, a relação com a cerveja começou lá nos anos 90. Provava uma tal de “cerveja com mel” no hoje extinto Brewpub da Colorado, onde eu podia beber suas crias em meio aos tanques e não via tanta graça assim. Que bobagem a minha, estava ali pra participar do início de uma das melhores microcervejarias do Brasil...

O tempo passou. Entre as comerciais que eu adorava, fui parar em Campos do Jordão (SP). Lá, pra quem não sabe, nasceu a Baden Baden e sua casa alemã O Baden. Hoje pertencente à Brasil Kirin (ex Schincariol), continua fiel às suas raízes: cervejas bem feitas, em pequenas quantidades e cheias de diferenciais. O que mudou foi que não preciso mais ir a Campos pra beber Baden. Tem na prateleira, ao lado das comerciais de que eu tanto gostava. Campos passou a ser meu refúgio cervejeiro, ia pra lá beber litros e litros de cerveja on tap, na casa alemã. Era delicioso pensar em estar lá ‒ e até hoje é. Assim, por volta de 2001, começava realmente meu mergulho nas especiais. Lá também conheci o Hops, tinha uma torneira de Erdinger e uma de Guinness! Paraíso cervejeiro mesmo. Hoje, graças a São Gambrinus, essas torneiras estão mais comuns.

Já no início da segunda década deste século, comecei a contar sobre o que eu bebia, sobre o que eu participava, no meu Blog. E foi aí que vi todo o sentido em chamar cerveja de “lubrificante social”: como fiz amigos na cerveja! Faço até hoje! Você está lendo este texto porque um amigo me indicou para escrevê-lo. Um amigo cervejeiro, claro!

E, nestas grandes amizades, criamos a confraria – termo originalmente utilizado por religiões, mas “adaptado” ao ato de reunir amigos (ou confrades) e simplesmente beber e falar de cerveja! Nem creio ser pecado, já que cerveja e religião andam juntas há séculos.

Por que Confrabacon? Porque gostamos de um belisco leve entre uma cerveja e outra!

Saúde e sejam felizes!