A trajetória da Rota Cervejeira do RJ

A coordenadora da Rota conta como nasceu a iniciativa e os planos para 2019

Atualmente são 25 cervejarias participantes localizadas na região serrana do Rio (Foto: Divulgação)

SARAH BUOGO

Para estimular a economia e a cadeia produtiva, várias localidades estão investindo em Rotas Cervejeiras. A iniciativa proporciona o desenvolvimento local por meio da aproximação de produtores e consumidores. Além disso, garante maior visibilidade para região, fomenta o turismo e atrai visitantes nacionais e internacionais. É o caso da Rota Cervejeira do Rio de Janeiro que, desde 2014 atua fomentando o turismo cervejeiro na região. A iniciativa, que começou com seis cervejarias, entra em 2019 com 25 associadas e projetos como o lançamento de um Festival. Para conhecer melhor a trajetória da Rota Cervejeira, sua estruturação e os planos para 2019, a Beer Art conversou com a coordenadora da iniciativa, Ana Cláudia Pampillón. Com grande experiência no mercado cervejeiro, Ana é turismóloga, cervejeira artesanal, sommelier de cervejas, e também atua no plantio de lúpulo no Brasil.

Integram a Rota Cervejeira RJ: Bohemia, Grupo Petrópolis, Therezópolis, Brewpoint, Ranz, Born2Brew, Barão Bier, Dr. Duranz, Odin, Cazzera, Guapa, Imperatriz, Vila de Secretário, Pontal, Alpendorf, Tortuga, Madame Machado, Broers, Colarinho da Serra, Favre Baum, Soul Terê, Rota Imperial, Mad Brew, Colonus e Alter. Elas oferecem pacotes com roteiros que incluem atrações como “beer experiences” nas grandes cervejarias, visitas às microcervejarias, atrativos turísticos e degustações harmonizadas. Confira a entrevista:

Ana Cláudia Pampillón, coordenadora da Rota Cervejeira do RJ (Foto: Divulgação)

Beer Art - Em que contexto nasceu o projeto da Rota Cervejeira do RJ?

Ana Cláudia Pampillón - A ideia da formação da Associação Turística das Cervejarias e Cervejeiros do Rio de Janeiro (ACCERJ-TUR/Cerveja das Montanhas), responsável pela Rota Cervejeira, surgiu em um momento de crise. Após a tragédia de 2011 (provocada pela enchente que atingiu sete cidades da região serrana fluminense), o turismo - principal fonte de renda da região - caiu drasticamente. As pessoas ficavam receosas de subirem a serra por causa das fortes chuvas. A proposta de unir a história cervejeira da região aliada aos grandes projetos já existentes surgiu de um dos empresários que acreditava que o turismo cervejeiro (que é muito forte no exterior) poderia ser também uma grande oportunidade para nossa região. O lançamento oficial da Associação ocorreu no segundo semestre de 2014, no palácio Guanabara.

Beer Art - Quais os principais desafios encontrados nesses cinco anos de atuação?

Ana Cláudia Pampillón - O principal desafio foi, desde o começo, trabalhar o turismo receptivo da região que não existia e hoje ainda é a nossa maior dificuldade.

Beer Art - Com relação ao público, como tem sido a presença ao longo desses anos?

Ana Cláudia Pampillón - Vemos um crescimento significativo nas visitações (Beer Tour) desde o início. Hoje, além das visitações, conseguimos perceber o fortalecimento das marcas de cervejarias menores por causa do trabalho feito pela Rota Cervejeira RJ.

Beer Art - Além do Beer Tour, quais outras ações são realizadas na região?

Ana Cláudia Pampillón - Procuramos trabalhar o associativismo onde as grandes ajudam as pequenas e vice versa, possibilitamos a participação em grandes festivais com custos menores, produzimos, uma vez por ano, uma cerveja colaborativa com todas as cervejarias. E, principalmente, os associados se unem para compras coletivas, distribuição compartilhada, empréstimo de insumos, etc.

Beer Art - Em números, como é a participação do público anual e o consumo de cerveja artesanal?

Ana Cláudia Pampillón - Infelizmente não temos ainda como mensurar esses dados. Estamos criando mecanismos para tê-los. O certo é que depois da Rota Cervejeira ter sido criada o movimento das visitações aumentou muito.

Beer Art - Como você avalia o mercado cervejeiro no Rio de Janeiro e no Brasil?

Ana Cláudia Pampillón - O mercado, segundo fontes do MAPA, cresceu em 2018 mais de 30%. Principalmente aumentando o número de cervejarias artesanais. No estado do Rio de Janeiro esse crescimento foi significativo. E na região serrana, com alguns incentivos dos municípios, muitas cervejarias se instalaram por aqui no último ano.

Beer Art - Recentemente (6/2) foi realizada uma reunião de planejamento com os integrantes da Rota Cervejeira. Quais novidades podemos esperar para 2019?

Ana Cláudia Pampillón - Estamos planejando um festival para chamar de nosso, onde teremos edições em cada município que faz parte da Rota Cervejeira: Teresópolis, Petrópolis, Nova Friburgo e Guapimirim. Ganhamos um grande parceiro de receptivo turístico, que trabalhará exclusivamente a Rota Cervejeira (9.9 Turismo). Com isso, teremos saídas regulares do Rio de Janeiro.

Em breve teremos um grande encontro com a secretaria estadual de Turismo, secretaria estadual de Desenvolvimento, Sebrae, entre outras entidades, para alinharmos em conjunto outras ações com foco no turismo da região serrana. E, também, continuaremos com o projeto de cerveja colaborativa no Mondial de là Biere e a participação em outros festivais (St Patrick em Teresópolis, DEGUSTE, etc.)

Beer Art - Quais dicas você daria para outras regiões do país que pretendem fomentar o turismo cervejeiro com ações parecidas?

Ana Cláudia Pampillón - Tenho viajado por alguns destinos cervejeiros muito interessantes ajudando e orientando com as nossas melhores experiências (Santo Antônio do Pinhal, Sorocaba e região, etc). Tenho certeza que o Brasil está se tornando um grande destino de turismo cervejeiro e isso contribui para o fortalecimento de toda a cadeia (rede hoteleira, gastronomia, turismo histórico, rural, etc).