Nasce a cerveja 100% brasileira
/A primeira degustação ocorreu no sábado, 10 de janeiro, no Solar da Coruja, em Porto Alegre/RS
Sarah Buogo
Produzida por nove cervejeiros com ingredientes (malte, lúpulo e leveduras) cultivados em solo brasileiro, a cerveja 1835 foi degustada pela primeira vez no sábado, 10 de janeiro, no Solar da Coruja, em Porto Alegre/RS. Foram produzidos cerca de 50 litros da bebida, e o resultado foi considerado dentro do esperado pelos cervejeiros. No entanto, por tratar-se de uma bebida ainda experimental, deve passar por ajustes e mudanças técnicas para a próxima edição. A Beer Art acompanhou a degustação, pelo editor Altair Nobre e pela repórter Sarah Buogo.
“Nossa primeira tentativa provou que é possível produzir a bebida com ingredientes nacionais e este é o grande mérito. Agora precisamos fazer alguns ajustes e tenho certeza que vamos obter resultados melhores a cada edição”, destaca Evandro Janovik da Saint Bier, um dos cervejeiros a frente do processo.
Em virtude do tempo necessário para colheita do lúpulo, que deve ocorrer no mês de março, a próxima brassagem está prevista para abril.
Os ingredientes
O Malte utilizado foi o Pilsen oriundo da cevada cultivada em Ibirubá, no Planalto Médio gaúcho, a 80 quilômetros de Passo Fundo. O processo de malteação foi feito em Porto Alegre, na cervejaria Steilen Berg, pelo proprietário Juliano Zancanaro, e por Evandro Janovik.
Responsável por três características importantes da cerveja, o amargor, o sabor e o aroma, o lúpulo utilizado vem de uma fazenda em Santana da Boa Vista (RS), onde está sendo cultivado de forma experimental há três anos, por Eduardo Boger.
As leveduras foram coletadas em dois locais distintos no Rio Grande do Sul. Metade da produção fermentou com leveduras oriundas do Butiá, coletadas pelo biólogo e cervejeiro Pedro Joel S. Silva Filho, em Viamão. E metade, com uma nova espécie descoberta na região de São Francisco de Paula (RS), por Glauco Caon – cervejeiro da Anner - em seu projeto de pós-doutorado, sob orientação do professor José Claudio Fonseca Moreira, do departamento de bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Por um problema técnico, apenas a parte fermentada com leveduras oriundas do Butiá pode ser degustada no sábado.
A primeira brassagem ocorreu no dia 20 de setembro, no Solar da Coruja, e contou também com a participação Micael Eckert e Tiago Eduardo Genehr (ambos da Coruja), Renata Terres e Sylvio Mármora.