Antes de tudo, é preciso entender o que o consumidor quer

"O que mais vale é a pessoa estar receptiva a conhecer novos aromas e gostos"

Daniel Wolff, sommelier de cervejas, juiz internacional de cervejas e fundador e diretor da rede Mestre-Cervejeiro.com, teve os primeiros contatos com cervejas por meio de intercâmbios e estudos em países tipicamente cervejeiros. De volta ao Brasil, criou o Mestre-Cervejeiro.com, em 2004

Daniel Wolff

É ruim generalizar em uma simples sequência das cervejas mais fracas até mais potentes, começando com as de baixo amargor e frutadas até mais potentes e amargas.

Já vi muitos cervejeiros que só tomam cerveja de perfil massificado não darem a mínima para qualquer artesanal. Pode ser Witbier, pode ser Weiss, pode ser Saison com alguma coisa. Para eles cerveja é aquilo, é o que eles querem. Não querem mais amargor, nem frutado, nem torrado. Eles querem cerveja daquele jeitão a que estão acostumados.

Da mesma forma, também já vi pessoas que não gostavam de cerveja, justamente pelo contato que elas tiveram ter sido apenas com cervejas de perfil massificado, e ao provar uma cerveja com sabor totalmente inédito para elas como uma Sour, ou uma Wee Heavy, ou uma Imperial Porter, acharam a cerveja fantástica! E ainda comentaram: isso não é cerveja (rss).

Acho melhor do que sugerir uma sequência, antes de tudo, entender o que o consumidor quer. Ele pode estar totalmente receptivo para o amargor por exemplo. E nisso aceitar ser apresentado a uma American IPA ou até mesmo Imperial IPA. Ou a pessoa que gosta de café e gostos de torrefação, que normalmente até consome café gelado ou drinks de café, com isso não ela não terá rejeição a uma Oatmeal Stout por exemplo. Ou ainda, ela estar aberta a espumantes, vinhos, bebidas ácidas. E nisso degustar uma Sour e achar a coisa mais fantástica.

Sem dúvida aqui são pontos fora da curva, mas nestes 12 anos trabalhando com cervejas já vi muitas vezes isso acontecer. De pessoas que não conhecem cerveja, mas ao provar uma Flanders Red Ale, uma Rauchbier, uma Wood Aged, achar uma experiência fantástica. As chances de errar são grandes, mas acredito que isso é a graça da cerveja artesanal e seus inúmeros perfis sensoriais.

O que o que mais vale para introduzir uma pessoa ao universo das cervejas artesanais é ela estar receptiva a conhecer novos aromas e gostos. Para isso melhor até mesmo do que sair indicando rótulos é explicar e tentar entender o que ela procura e quais são suas preferências.

Comment