What if?
Os limites para a criação e adaptação de produtos vão muito além de suas funcionalidades
Olá!
No post anterior deixei uma tarefa para vocês: pensar na questão "what if?"
Esta pergunta diz muito sobre o que é Food Design, aliás, sobre o que é Design em particular.
Para qualquer situação/problema que enfrentamos na vida, esta pergunta surge como uma alavanca de ideias que possa trazer uma solução.
Ao fazer a pergunta "E se?", abrimos uma janela de tempo que nos permite imaginar algo que traga um benefício a curto, médio ou longo prazo.
Se olharmos a roda, por exemplo, pensaríamos que o motivo inicial para a sua criação seria a sua utilização em transportes. A história, porém, nos diz que as primeiras rodas inventadas pelo homem (cerca de 3500 A.C.) foram utilizadas para a confecção de cerâmicas!
A invenção da roda não foi para o transporte (inicialmente!)
O 'what if' pode ser instintivo, pode ser de acordo com um viés empreendedor, pode ser de acordo com uma emergência, pode ser, ainda, de acordo com um julgamento sobre um produto, serviço ou experiência.
Ao contrário do que se imagina, esta pergunta não deve ser feita somente no início de cada projeto. Ela deve ser repetida quantas vezes forem necessárias para que o projeto não fique na "zona de conforto". Assim como o exemplo da roda, podemos nos perguntar: o que estamos fazendo com as coisas que já existem e como podemos utilizá-las de maneiras diferentes?
Vamos pegar como exemplo, alguns produtos que trazem em sua composição ingredientes básicos de uma cerveja.
O xampu de Stout fabricado pela Lush
A Lush fabricou, a partir de ingredientes de uma Stout, um xampu. Pois é, um xampu vegano à base de cerveja Stout. Pois é, xampu. De Stout! Percebam que aqui o produto explicita bem a questão "what if?". Foi um pensamento além da cerveja e daquilo que ela tradicionalmente representa.
Ingredientes básicos de uma cerveja são utilizados para a produção de condimentos pela Brewer Chef
A Brewer Chef utiliza ingredientes básicos de uma cerveja para a produção de condimentos. Uma aplicação criativa de técnicas a produtos já conhecidos no mercado (molhos e outros temperos). E, se os condimentos fossem "temperados" com lúpulo? E se fossem maltados? Foram além da zona de conforto e buscaram inovação mercadológica. Bacana, não?
Percebam que os limites para a criação e adaptação de produtos vão muito além de suas funcionalidades. Eles representam estilos de vida, hobbies atrelados a significação social.
Não digo que deveríamos lavar os cabelos com xampu de Stout e somente comer cachorro quente com um ketchup com dry hop. Digo que podemos buscar a criação ou adaptação de nossos serviços, produtos a partir de coisas já existentes. Buscar coisas novas, criar coisas diferentes, coisas que sejam valiosas.
Questionar "e se?" ao nos depararmos com um projeto é exatamente isto: dar vazão a novas ideias e gerar valor ao nosso usuário final. E se você começar a questionar tudo daqui em diante? E se?
Até a próxima!