Inspirada na obra de Erico Verissimo, Petronius lança cachaça Serigote
Família serrana que também produz as cervejas Schatz faz homenagem ao amigo escritor
A amizade entre o autor gaúcho Erico Verissimo e a família Kunz, fundadora da Petronius Beverages, deu origem a uma cachaça tipicamente artesanal. A Serigote é um resgate à história do fim da década de 1930, quando a então Vinícola Petronius produzia exclusivamente vinhos finos e destilados e recebia visitantes vindos de outras cidades para degustações em sua sede, na época em Gramado. A Petronius Beverages se lançou ao mercado em dezembro de 2013, com a linha de cervejas Schatz (leia mais aqui).
O diretor da empresa, Emílio Kunz Neto, relembra:
“Naquele período, o escritor chegou a hospedar-se na casa da família Kunz. E, por conta desta proximidade, Erico Verissimo batizou uma das famílias que aparecem em O Tempo e o Vento com o sobrenome de origem alemã.”
O nome da família ficou eternizado na primeira parte da trilogia, O Continente, com a narração da chegada em Santa Fé, em 1833, de duas famílias de imigrantes – uma delas chefiada por Erwin Kunz.
“É com muito orgulho que nos inspiramos em uma obra que eterniza os Kunz”, explica Emílio.
O personagem tinha o apelido de Serigote, daí a inspiração da marca da primeira cachaça de alambique da Petronius Beverages.
A empresa obteve autorização da família Verissimo para a utilização de trechos da obra em seus contrarrótulos. Além disso, os rótulos serão elaborados por artistas da Serra Gaúcha e, a cada ano, trarão novos desenhos. Na estreia, o artista plástico Rafael Dambros elaborou três diferentes gravuras inspiradas em O Tempo e o Vento, usando a sua técnica de desenho com caneta esferográfica.
“A Serigote foi feita para pessoas que valorizam produtos regionais. É uma opção artesanal, com uma receita original de família”, define o executivo.
A bebida já está disponível no mercado, ao preço sugerido de R$ 60, e será vendida apenas em bares e lojas especializadas. A produção acontece na sede da Petronius, no interior de Caxias do Sul.
A origem do nome Serigote
Serigote é uma expressão regional do Rio Grande do Sul para lombilho, uma pela da sela (arreio) usada pelos gaúchos antigos. Continha duas partes mais altas que davam sustentação e conforto ao cavaleiro. O vocábulo é uma deturpação da expressão alemã: sehr gut (muito bom). Os imigrantes alemães trouxeram a inovação e quando a mostraram aos locais, estes entenderam ser esse o nome da peça.
O livro
Conheça trechos do livro reproduzidos nos contrarrótulos:
“Helga, que todos conheciam como "a filha do Serigote", parecia ficar cada vez mais bonita e gostava de andar com lenços de cores muito vivas amarrados na cabeça.”
“Naquele mesmo instante, atrás do cemitério, Rodrigo contemplava o corpo nu de Helga Kunz.”
“Outro felizardo era o Erwin Kunz - conhecido agora no povoado como ‘O Serigote’. Passava os dias a fazer lombilhos e a bater sola (...)”
A cachaça de alambique Serigote
A cachaça é elaborada com cana cultivada por pequenos produtores do interior do Rio Grande do Sul. O processo fermentativo do suco natural da cana de açúcar busca a melhor expressão aromática. Os alambiques utilizados na destilação são os mesmos construídos por Eloy Kunz na década de 1960, com um projeto francês, que garantem uma fina destilação e resultam em uma cachaça branca leve e aromática.