Uma experiência de turismo sensorial no interior paulista
Viagem piloto, com apoio da Fresp, levou pessoas com deficiência visual a cafezal
Com o objetivo de incentivar a inclusão, a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento do Estado de São Paulo (Fresp) está apoiando um novo segmento de roteiros rodoviários. O piloto deles ocorreu em 11 de junho, com uma viagem de ônibus baseada em Turismo Sensorial - de São Paulo ao interior paulista, levando um grupo de pessoas com deficiência visual à roça. A Fresp está aberta a ideias para próximos roteiros, e a iniciativa poderia inspirar o segmento cervejeiro. (Para conferir mais opções de eventos, com agenda atualizada, consulte o roteiro da Beer Art)
A experiência incluiu colher café e debulhar milho para moagem de fubá na fazenda sustentável Retiro Santo Antônio, em São Antônio do Jardim (distante cerca de 172 km da capital), e no conhecimento tátil de grãos, torra e degustação de cafés regionais na Cafeteria Loretto em Espírito Santo do Pinhal (a 7 km da primeira parada). Os municípios, aos pés da serra da Mantiqueira, buscam otimizar roteiros de turismo rodoviário.
A ideia deste surgiu a partir do trabalho de conclusão de curso Técnico em Guia de Turismo da aluna Audmara Veronese, do SENAC Aclimação, que teve o tema “Ampliando Horizontes”. Já veterana no voluntariado a pessoas pessoas com deficiência visual, ela desenvolveu um passeio de vivência para um grupo de cegos e pessoas com baixa visão ligadas a ong’s e à Fundação Dorina Nowill.
“O objetivo deste projeto é oferecer para as agências um serviço de guiamento baseado na áudio-descrição em roteiros sensoriais, que irá proporcionar à pessoa com deficiência visual uma experiência singular - que vai além de acompanhar, orientar e transmitir informações. É um serviço inovador para agências de viagem, com a descrição detalhada do local que está sendo visitado”, explica.
A diretora executiva da Fresp, Regina Rocha, fazendo menção aos mais de 6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual no país (Censo, 2010), destaca:
“A viagem inclusiva abre portas para novas iniciativas e atração de públicos especiais em roteiros já estabelecidos ou que estão se estabelecendo, oferecendo opções de qualidade a estes grupos, principalmente pela vivência.”
A experiência: O grupo de 20 cegos e de pessoas com baixa visão, e seus acompanhantes, não se intimidou com o frio intenso da capital paulista e partiu para o interior cantando canções sertanejas para entrar no clima. Como se trata de um público especial, até a descrição das condições e cores do céu tornou a experiência única já durante o trajeto de quase duas horas.
Na chegada, boas-vindas com café e bolo de milho produzidos na fazenda, um imóvel de construções com pelo menos 65 anos. A experiência incluiu não só as visitas ao cafezal e moinho de pedra, mas também plantio de árvore pelos visitantes. Segunda parada, Espírito Santo do Pinhal – cidade com bom conjunto arquitetônico cafeeiro preservado – foi apresentada ao grupo pela Diretora de Turismo, Sandra Whitaker, que ressaltou a importância de tornar a história acessível a todos os públicos.