Somente em 2020, o número de cervejarias registradas aumentou 14,4% e o mercado de cervejas continua batendo recordes de faturamento.

Enquanto outros setores da economia têm sido atingidos por diferentes problemas, o número de cervejarias no Brasil cresceu, refletindo um mercado bem aquecido. Pelo menos é o que mostra o Anuário da Cerveja 2020, elaborado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Divulgado em abril de 2021, o documento reúne informações de um levantamento realizado pelo Mapa sobre a situação do mercado cervejeiro do país. Dentre os dados apresentados, se destaca o crescimento desse setor no último ano.

Apenas em 2020, foram registradas 204 novas cervejarias no Brasil, o que representa um aumento de 14,4% em relação ao ano anterior. Segundo os dados divulgados, esses estabelecimentos continuam concentrados nas Regiões Sul e Sudeste, que reúnem 85,6% das cervejarias no país.

No entanto, os dados apontam que empreendedores de outras regiões do Brasil também estão investindo no setor. Na região Nordeste, por exemplo, o número de cervejarias aumentou 41,4%. Apenas no Piauí, esse número cresceu 200%.

O mais interessante sobre essas informações é que, mesmo com um aumento expressivo de oferta de produtos, o setor apresenta perspectivas de crescimento, já que o consumo de bebidas alcoólicas tem crescido em todo o país.

Expansão no número de cervejarias reflete um mercado aquecido

Se tantos empreendedores estão investindo no mercado cervejeiro é porque eles sabem que os consumidores estão cada vez mais dispostos a comprar bebidas alcoólicas. E as pesquisas realizadas recentemente confirmam essa informação.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (2019), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no fim do ano passado, o consumo de bebidas alcoólicas sofreu um salto nos últimos 7 anos.

Segundo o levantamento, em 2019, 26,4% da população adulta afirma beber algum tipo de bebida alcoólica uma vez por semana. Outro dado interessante revelado pelo IBGE é que as empresas precisam ficar de olho no consumo pelo público feminino.

A pesquisa identificou que 17% das mulheres adultas afirmaram ter bebido pelo menos uma vez por semana em 2019. Embora o número seja menor que o percentual masculino, que é de 37,1%, o hábito de consumo de álcool tem aumentado entre as mulheres.

No PNS de 2013, apenas 12,9% delas afirmavam manter esse hábito de consumo, dados que revelam que o público feminino está cada vez mais relevante no segmento de bebidas alcoólicas.

No entanto, contribuindo ainda mais para o desenvolvimento do setor, esses números sobre consumo de bebidas alcoólicas que já eram expressivos em 2019, mudaram ainda mais durante a pandemia. Pelo menos é o que indica a pesquisa realizada pela plataforma Compre&Confie, empresa de inteligência de mercado focada em e-commerce. Segundo a plataforma, somente a venda online de bebidas alcoólicas aumentou 93,9% entre fevereiro e maio de 2020. Isso revela tanto que o público está disposto a gastar mais com bebidas, como também reflete a mudança do perfil do consumidor, que tem vencido o medo de realizar compras de alimentos através da internet.

Aumento do consumo de bebidas alcoólicas impacta o faturamento das empresas

Ainda de acordo com a pesquisa realizada pela plataforma Compre&Confie, além da alta das vendas no e-commerce, os valores gastos pelos consumidores também aumentaram.

O levantamento aponta que, em média, cada consumidor gastou R$ 310,70 numa compra, o que representa um aumento de 4,3% em relação ao mesmo período de 2020.

Além disso, em função das compras online de bebidas realizadas entre fevereiro e março de 2020, o faturamento do setor também cresceu. Empresas do setor lucraram R$ 77,3 milhões, o que representa um aumento de 102,4% em relação ao mesmo período de 2019.

E, mesmo que o momento inicial da pandemia já tenha passado, os números do setor continuam surpreendendo. Uma das maneiras de analisar essa situação é observando o faturamento de 2021 das empresas que trabalham no setor.

A Ambev, por exemplo, companhia responsável pela fabricação não só de bebidas populares, mas também de algumas das melhores cervejas do mundo, registrou um lucro líquido ajustado de R$ 2,761 bilhões – tudo isso apenas no trimestre de 2021.

Em comparação ao mesmo período do ano anterior, esse número representa uma alta de 125%, o que demonstra que o mercado de bebidas alcoólicas continua aquecido mesmo após o primeiro ano de pandemia. É justamente por conta desse aquecimento, que o número de cervejarias só tende a crescer, atraindo novos investidores e consumidores interessados em diferentes tipos de cerveja.