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Bierland avança na Idade do Metal

Cervejaria em transformação concentra a estratégia em latas e seis estilos para ganhar escala

A estratégia está concentrada em seis estilos de mais apelo para os apreciadores da Bierland (Foto: Divulgação)

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Fundada em agosto de 2003, quando cerveja artesanal ainda era algo exótico para a maioria da população brasileira - comparado a 2019 poderia se dizer que ainda era a pré-história do segmento -, a Bierland está em meio a uma transformação profunda, 16 anos depois. Abandonou o vidro e adotou o metal. Deixou de lado a linha de quase duas dezenas de rótulos para se concentrar em meia dúzia. Com o avanço da reforma de fábrica, a substituição de equipamentos, a reorganização de processos e o treinamento necessários para a mudança, a marca da “terra da cerveja” (em alusão à sua cidade, Blumenau/SC) prepara a volta da distribuição para outros Estados, em julho.

“Estamos nos reinventando”, resume o gerente executivo, Rubens Deeke, em entrevista ao editor da Beer Art, Altair Nobre.

Para o consumidor, o impacto mais visível é a substituição das garrafas pelas latas. A operação exigiu uma linha de envase nova, capaz de preparar 4 mil latas de 350ml/hora, portanto 1,4 mil litros/h, quase o triplo da capacidade da engarrafadora (500 litros/h, em garrafas de 500ml). Além do volume, faz diferença a automação: a linha é programável.

“A gente deu um salto de tecnologia”, explica Deeke. “Temos mais controle sobre o processo, o que se reflete na qualidade do produto.”

Mais tecnologia e disponibilidade (Foto: Divulgação)

A escolha pela lata teve duas razões principais.

“Há uma redução significativa no valor do produto quando se fala em grandes escalas”, observa. “E tem uma série de vantagens sobre o vidro, a começar pela disponibilidade. O nosso mercado de vidro no Brasil é difícil. No ano passado, houve falta de garrafas. São poucos fornecedores. Fica muito difícil essa manutenção. A gente não consegue fazer grandes estoques. Não nos dá garantia nenhuma. Com lata, há menos fornecedores mas com capacidade de entrega maior e mais garantida. E aos poucos os fornecedores de lata estão percebendo a importância do mercado artesanal e começam a criar políticas para atender às menores.”

O movimento exigiu tomar decisões difíceis. Com a garrafa, a Bierland chegou a estar presente em praticamente todos os estados brasileiros. De setembro de 2018 até a metade deste ano, a distribuição está concentrada em Santa Catarina. Conforme Deeke, foi um recuo importante para entender a operação, o novo modelo comercial. Segundo ele, a resposta surpreendeu, tanto que nos meses de verão a cervejaria não conseguia suprir toda a demanda. Na segunda fase, a partir de julho, o foco é chegar aos estados do Sul, a São Paulo e ao Centro-oeste.

Detalhe da área de envazamento (Foto: Divulgação)

Abaixo, leia mais sobre a transformação na Bierland, em pergunta e resposta:

Em maio de 2017, dois anos atrás, foi concretizada a compra do terreno ao lado da fábrica e iniciada a limpeza do local, para, posteriormente, seguir para a fase de projetos. Depois de dois anos em que estágio está a obra?

Depois da aquisição do terreno, de fato seguimos em frente com a elaboração dos projetos de arquitetura e engenharia, e uma vez aprovados nos órgãos competentes imediatamente partimos para as obras civis. Iniciamos com a construção de um novo galpão industrial que está locado na área retratada pela matéria anterior, o qual abriga a nova linha de envase, bem como o estoque de embalagem e expedição de produtos acabados. Esta nova área foi concluída e tornou-se operacional em meados de 2018 com a inauguração de uma moderna linha de envase durante as comemorações de 15 anos da cervejaria, no dia 1º de setembro do ano passado, e o lançamento da linha de cervejas em lata da Bierland. Ao lado deste galpão, na área que antes abrigada parte do bar da fábrica, estamos erguendo o centro administrativo, isto é, outro edifício que reunirá os setores administrativos, financeiro, comercial e marketing da empresa.

Rubens Deeke (Foto: Arquivo Beer Art)

À época foi divulgado que em função da obra haveria interrupção, por tempo indeterminado, do atendimento no Bar da Fábrica e das visitações à cervejaria. Foram retomadas? Quando? E há diferença hoje no serviço em relação a antes da obra?

Ao longo do projeto percebemos que o espaço antes ocupado pelo bar da fábrica seria necessário para reorganizarmos nossas atividades fabris e acabamos optando por não reabri-lo, porém, no lugar dele, em um espaço ligeiramente menor, instalamos uma loja de fábrica, o Bierland Outlet, onde a comunidade local e os turistas encontram toda a nossa variedade de produtos, tais como as cervejas da marca, avulsas ou em fardos, quentes ou geladas, além de kits para presente, acessórios exclusivos e souvenires, sempre com preços muito especiais. As visitações à área de produção seguem suspensas em virtude da segurança e conforto dos visitantes, uma vez que os trabalhos de remodelação e ampliação das instalações ainda não estão concluídos.

Em comparação com dois anos atrás, quais são os números que dimensionam a Bierland (área, volume de produção, número de estilos de cerveja, outros)?

Com a implantação dos novos edifícios praticamente dobramos a área fabril e estamos trabalhando para triplicar a capacidade de produção até o primeiro semestre de 2021, alcançando os 300.000 litros mensais. Com o reposicionamento da cervejaria no mercado, abandonamos totalmente as garrafas de vidro e apontamos 100% para a lata de alumínio, reduzindo o portfólio de cervejas para os seis estilos de maior demanda de nossa linha, Pilsen, Weizen, IPA, Vienna, Stout e Strong. Nossa estratégia é crescer e ganhar escala, viabilizando a entrega das mesmas cervejas multipremiadas que consolidaram a marca ao longo destes quase 16 anos de trajetória por preços cada vez mais justos e competitivos ao consumidor.

Quais são as principais mudanças na Bierland que caracterizam hoje "a nova Bierland"?

Sem dúvida estamos nos reinventando. O mercado da cerveja artesanal no Brasil está passando por uma fase de amadurecimento e grandes transformações, e diante dos novos desafios que se apresentam ao nosso setor, optamos por nos reposicionar, tendo como propósito fundamental a democratização da cerveja artesanal. Estamos nos reestruturando e ampliando a capacidade produtiva, investindo em tecnologia, na melhoria de nossos processos e na capacitação profissional da equipe, sempre buscando a consolidação da marca enquanto referência de qualidade e consistência junto aos nossos clientes e consumidores no mercado brasileiro.