Evento online capitaneado por mulheres a partir de SC movimentou universo cervejeiro mundial

O "maior evento de conhecimento cervejeiro da América Latina", o Beer Summit 2020, encerrou-se no domingo (13) inovando no mercado e trazendo o tema da diversidade, inclusão e equidade ao setor. Foram mais de 50 horas de aulas, palestras, mesas redondas e divulgação de estudos científicos – tudo 100% online, para um público espalhado por mais de 20 países.

Na opinião de Amanda Reitenbach, idealizadora do evento e CEO do Science of Beer Institute, de Florianópolis, estava faltando abordar esses assuntos com mais seriedade e empenho:

“Tivemos em meados deste ano notícias muito tristes de racismo e misoginia no segmento. Daí a ideia do perfil desta edição.”

O Beer Summit 2020 foi em cinco trilhas de conhecimento - Diversidade, Equidade e Inclusão; Negócios, Marketing e Empreendedorismo; Sommelieria, Estilos, Serviços e Harmonização; Matérias-Primas, Processos e Inovação e Tecnologia e Ciência Cervejeira. Entre os convidados, palestrantes de 14 países.

Amanda detalha:

“A inovação também fez parte deste contexto, principalmente pela vocação de Florianópolis na tecnologia. Foi uma semana muito produtiva, onde promovemos conexões e a troca de informações e experiências sobre a indústria, o comércio e o público da cerveja. Também percebemos que a diversidade no meio cervejeiro dialoga com a cultura musical que o atravessa. Portanto colocar música instrumental brasileira no show de encerramento foi outra forma de expandir o horizonte social desse meio. Todos os estilos cabem no nosso caldeirão.”

Janine Mathias, cantora e compositora que abriu o show de encerramento, comenta:

“Participar do evento disse muito sobre a necessidade de abrir horizontes. O silêncio de mulheres negras também está associado ao mercado cervejeiro. Foi uma grande oportunidade de estar ao lado de mulheres e pessoas com este novo posicionamento.”

Brasil Beer Cup utilizou método inédito

Dentro do Beer Summit 2020, o concurso Brasil Beer Cup teve sua primeira edição no formato online, com os jurados recebendo amostras às cegas em casa. Foi o primeiro concurso utilizando esta metodologia na América Latina, que também utilizou o Beer Sensor, equipamento desenvolvido por Amanda Reitenbach e junto ao Science of Beer Institute.

“Foi um projeto piloto que será adotado em outros certames a partir do ano que vem”, diz Amanda.

Desta vez, o Beer Cup avaliou cervejas no estilo Catarina Sour, que deu visibilidade mundial ao estado e ao país como potência cervejeira. As vencedoras foram a Lohn Catharina Sour e a Morada Cupuaçu Sour. O Beer Summit 2020 foi concebido e dirigido exclusivamente por mulheres, e trouxe resultado de pesquisas de polos como Alemanha, Bélgica, Argentina e Estados Unidos. Como bem comentou a palestrante Sara Araújo:

“Participar do Beer Summit foi uma oportunidade de romper com o silêncio imposto a corpos como o meu. É combater o epistemicídio, poder estar e ser plural, polifônica e ampliar as vozes.”