Laila Bergamasco
A "Craft Beer Lady" do Instagram conta como montou uma divertida rede global de mulheres que amam e vivem a cerveja artesanal
Beer Art 19 - abril/2016
Após cinco anos no Exterior, voltei ao Brasil com dois grandes aprendizados: é mais interessante entender como as culturas funcionam quando as vivenciamos na prática e é importante saber um pouquinho de muita coisa, mas ser expert em um assunto específico é impagável.
A vontade de unir essas duas lições me fez refletir sobre o que eu realmente queria na volta a São Paulo. Pensei, pensei, pensei.
E, durante uma conversa na cozinha do meu pai, bebericando alguns bons 355ml de muito malte e lúpulo, percebi que a paixão – que começou mesmo antes da idade legal – me levava a me especializar em cerveja artesanal.
No fim de 2014, o mercado estava aquecendo e poucas mulheres produziam conteúdo sobre cerveja artesanal. Queria fazer algo que nunca tivesse sido feito. Coloquei em prática minha veia de estrategista criativa – é, foi o que fiz nos últimos 8 anos – analisei o mercado, concorrência, audiência, busquei referências. Nascia ali a @thecraftbeerlady.
Mudei meu perfil no instagram e postei a primeira foto.
A ideia inicial era postar foto de boca e cerveja. Boca, por ser um forte ícone de feminilidade*.
Após algumas postagens, percebi que existia um potencial ainda inexplorado. “Vou postar caras e bocas que tenham opinião” me levou ao #BeerLipReviews, que como a própria hashtag diz: cervejas avaliadas pela boca. É a versão humanizada daquelas carinhas de satisfação, sabe? Sempre com um quê de humor, avaliamos as cervejas que provamos com um descritivo e fotos da boca de expressão.
Foram likes e comentários que me mostraram que o público tinha entendido a proposta.
Decidi então expandir o conceito e conquistar mais thecraftbeerladies, criando uma rede global. Busquei "ladies who love and live craft beer" [Mulheres que amam e vivem a cerveja artesanal]. Cada uma delas tem um perfil thecraftbeerlady do país onde moram; e neste momento, somos uma rede de oito ladies pelo mundo: Alemanha, Austrália, Bélgica, Brasil, EUA, Holanda, Itália e Reino Unido.
O canal agregador desta rede é o facebook.com/thecraftbeerladies
É lá que você encontra conteúdo local criado ou opinado por cada uma das ladies. Assuntos que vão de mercados locais, lançamentos, inovação e até sobre a cultura paralela à cerveja. Tornamos conteúdo local em global, por isso escolhi inglês como primeira língua, além da língua local de cada uma de nós.
Imaginem conteúdo de qualidade que represente o Brasil lá fora? É isso que queremos com o conteúdo gerado por cada uma das regiões, como explica Sara de Velasco, a lady de Londres, Reino Unido “The endless joy of being a Craft Beer lady is that I get to be part of an amazing international community of discerning beer drinking women who are passionate about innovation, taste and quality. We are here to bring the knowledge, the style and news straight from the source to an international audience.”
Nas palavras de Gisele Russano, a craft beer lady de Berlim “É muito prazeroso poder interagir com amantes da cerveja de todo o mundo. Essa troca de conhecimento contribui para divulgar as tendências do mundo cervejeiro local e global, com conteúdo de qualidade, do ponto de vista de cada craft beer lady. O projeto é muito mais do que simplesmente falar sobre cerveja. É abrir espaço pra discutir qualquer assunto relacionado a este universo.”
Além de compartilhar conhecimento, temos pesquisado e aprendido bastante “O projeto me proporcionou conhecer mais a fundo a escola americana e tenho que admitir que os americanos me surpreenderam com a dedicação e a paixão em fazer cerveja.” disse a lady Agnnis Gama, responsável #BeerLipReviews diretamente de Wisconsin, EUA
A próxima aposta é abordar a cultura paralela da cultura cervejeira.
Quero inovar ainda mais no conteúdo. Vamos mostrar a cerveja do ponto de vista cultural e social, indo em busca de iniciativas independentes que, de alguma forma, sejam ligadas ao tema cerveja. E acho que a Ambev, mais do que ninguém, pode embarcar nesta jornada e apoiar este projeto.
*Sim, feminilidade. Não há relação alguma com feminismo.