Falke Bier entra 2019 em transformação

Reorganizada em três linhas, a marca mineira faz mudanças ainda maiores e promete surpresas

Marco Falcone, nome respeitado no cenário artesanal no Brasil, é um dos líderes da transformação da Falke Bier (Foto: Márcio Russo/Divulgação)

A Falke Bier, uma das cervejarias artesanais mais respeitadas do país, está passando por um processo de renovação. O objetivo é ampliar sua produção e levar ao mercado cervejeiro mais inovação e criatividade. Os primeiros frutos dessa mudança já começaram a ser colhidos como, por exemplo, o lançamento da Falke Peregrinus, a nova American Pale Ale de sua linha, premiada na Copa Cervezas de América 2018. Também fazem parte desse movimento a Red Baron em garrafas de 600 ml e a chegada da Brüt IPA Fly Away.

Um dos planos para a cervejaria nos próximos meses é dividir seus rótulos em três linhas: a Clássica, que engloba as cervejas mais tradicionais (como Weiss, Villa Rica, Ouro Preto e Diamantina), a Especial, que hoje enquadra a Monasterium, mas que até início de 2019 ganhará duas novas companheiras, e a Falcoaria, que tem a Falke Peregrinus e a Fly Away.

A já premiada Falke Peregrinus é um dos principais lançamentos de 2018 (Foto: Divulgação)

Animados com os lançamentos, Marco Falcone, um dos sócios proprietários da Falke Bier, antecipa:

“A próxima será uma farmhouse em garrafa de champagne muito interessante, com uso de leveduras selvagens. Já fizemos alguns testes e tivemos um ótimo resultado. Acabamos de lançar a Brüt IPA, que seca tanto no final que se assemelha a um champagne brut, mas com lúpulos e características de uma IPA. E ainda estamos em fase de estudos da futura Falke Femoralis (nome científico do falcão símbolo da Falke), que vai entrar na Linha Falcoaria. E essas são apenas algumas das novidades que temos pela frente.”

Outro projeto, em andamento desde 2015, é a construção da nova fábrica e ampliação do volume de produção. A nova fábrica foi construída para substituir a antiga, uma em frente a outra no mesmo condomínio em Ribeirão das Neves, com novos equipamentos e estrutura, mas os custos eram muito altos para a cervejaria. A dificuldade de empreender no Brasil se mostrou real e presente.

“Chegamos a um impasse, pois sempre utilizamos recursos próprios e foi se tornando insustentável manter o negócio. Procuramos linhas de crédito e financiamentos, mas como nunca tínhamos solicitado antes não estávamos conseguindo. Então, diante das dificuldades, abrimos para investidores que tivessem interesse e obtivemos um aporte financeiro que nos permitiu finalizar nossa expansão e também remanejar a equipe”, explica o cervejeiro.

Esse aporte possibilitou uma repaginada em toda estrutura da cervejaria, que começou a construção da nova fábrica com as próprias pernas, mas que agora já ampliou o galpão original para receber ainda mais equipamentos. Entre as novas aquisições estão uma centrífuga, responsável pela melhora na qualidade das cervejas e aumento da segurança no processo produtivo, novos tanques, nova rotuladora e também está em análise a possível aquisição de um equipamento para envasamento de latas. Hoje, a Falke Bier produz 20 mil litros por mês e o objetivo até 2020, quando toda a obra estiver concluída, é que alcance a produção de 80 mil litros/mês.

Uma nova sede também faz parte de toda essa remodelação da empresa que ganha outro centro administrativo em Belo Horizonte, no bairro São Pedro. Ele está sendo reformado e, além da parte de escritórios, concentrará também estoque e logística, pois terá câmaras frias para guardar os barris.

“Vamos também investir em uma growleria própria, além de outros pontos de distribuição e montaremos um pub/restaurante no local para receber o público”, complementa Falcone.

Quanto ao mercado consumidor, o aumento de pontos de venda também já está em andamento com a contratação de um novo gerente administrativo-financeiro e um novo gerente comercial que já começou a atuar nessa expansão. A abertura da loja no Mercado Cervejeiro, no Jardim Canadá, foi uma das ações principais deste ano, já com a nova identidade da marca, assim como o investimento em espaço maiores no Alphaville e também na Cidade Nova.

“Expandimos também no interior de Minas, com mais destaque para Ouro Preto e Tiradentes e, fora do estado estamos em negociação em pontos do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. Tivemos pedidos de exportação, mas não vamos investir nisso por enquanto porque o objetivo inicial é conquistar o bar da esquina antes de sair do país”, reforça Marco.

O uso de novos formatos também está nos novos projetos para ampliação de portfólio, como os latões de cinco litros e as latinhas de 355 ml e também as long necks, perfeitas para o que é considerado mercado exóticos como as barbearias.

“O uso de copos não é recomendado nesse tipo de negócio, pois podem cair cabelos. Logo, as long necks são ideais. Mas estamos estudando todas as possibilidades dentro deste nosso grande projeto de expansão.”

Nova fábrica foi construída em frente à antiga, em Ribeirão das Neves/MG (Foto: Divulgação)

 

A antiga fábrica, uma construção que lembra a arquitetura alemã, também será reaproveitada e transformada em uma adega para maturação de cervejas em barris de madeira, com utilização de diversas madeiras diferentes para distintos tipos de cervejas e também um espaço de degustação bonito e temático.

“Vamos começar a comprar os barris (em 2019) para começar esta atividade que se tornará, em um breve futuro, uma quarta linha da Falke, de cervejas ne madeira. São realmente muitos planos e, até 2020, todos estarão em andamento. Inclusive, o início de uma produção de cervejas colaborativas com cervejarias da Europa. Já estamos conversando sobre isso e combinando algumas datas”, comenta Falcone.

Há também um reforço no quadro pessoal da empresa com a chegada da nova geração de Falcones. Tiago e Max, dois dos filhos de Marco Falcone, prometem ampliar as perspectivas e inovações que a cervejaria se propõe neste novo ciclo de vida.

Max Falcone assumiu em outubro o posto de segundo cervejeiro da Falke Bier, ao lado do tio Ronaldo, que comanda como mestre-cervejeiro. Max foi o responsável por elaborar a receita da Falke Peregrinus. Tiago está há 10 anos na Europa, onde se consolidou como um cervejeiro respeitado. Está dando a volta ao mundo de bicicleta – em um projeto de cinco anos - e proferindo palestras sobre suas experiências e conhecimentos adquiridos. O plano é que em 2022, ao final do empreendimento, ele volte para o Brasil. Ele é especialista em cervejas na madeira e vai coordenar de longe a nova produção, assim que os processos começarem, ainda em 2019.